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Lucas Di Grass é um colecionador de estatísticas e recordes no
Campeonato Mundial de Fórmula E. Entre as várias conquistas, uma delas
chama a atenção: com sete pódios consecutivos, o brasileiro é o
recordista neste quesito, uma das façanhas mais difíceis de se conseguir
na extremamente competitiva Fórmula E. Mas o campeão mundial foi além:
cravou esse recorde três vezes ao longo de sua carreira na categoria.
Essa incrível consistência – além de vários outros índices listados
abaixo – certamente atraiu o olhar de Susie Wolff, principal executiva
da Venturi Racing, um dos melhores times do grid. Quando a Audi anunciou
que não estaria na F-E em 2022, o que deixaria Di Grassi disponível até
que uma boa proposta chegasse, estava criada a oportunidade de o time
baseado em Mônaco contar com um piloto de ponta que também possui uma
grande capacidade de desenvolver o carro – uma das principais
características do brasileiro.
A Venturi foi vice-campeã mundial de
pilotos em 2021 e, para dar o passo seguinte, seria importante contar
com o reforço da experiência e competitividade que fizeram de Lucas o
grande nome da categoria.
Às vésperas da primeira rodada dupla da
temporada, na Arábia Saudita, no final de semana que vem (28 e 29/01),
Lucas fala na entrevista a seguir sobre sua nova equipe, as mudanças no
regulamento e os desafios que o aguardam em 2022. “É ingenuidade fazer
previsões sobre o título na F-E”, diz ele. “Mas nós, como equipe, temos
muito potencial”, garante. Com largada às 14h30 (de Brasília), as duas
provas vão ao ar vivo pela TV Cultura e SporTV.
_Quais os desafios junto da Venturi Racing, depois de ter trabalhado durante sete anos com a Audi Sport?_
Di Grassi – Quando você é o novo membro de uma equipe, seja no automobilismo, seja em qualquer atividade, a primeira coisa é aprender o método de trabalho de seu novo grupo. Pode parecer que o trabalho de um piloto é só chegar lá e acelerar, mas é bem longe disso. Então minha primeira meta é me integrar completamente ao time.
_Você assinou contrato em setembro. Como tem sido essa experiência até agora?_
Di Grassi – De uma forma geral, tem sido muito boa. Conseguimos trabalhar firme desde o começo e nos testes de Valência, no final de novembro, estivemos entre as melhores equipes. Então, temos motivos para sermos otimistas. Mas eu cheguei em um momento de grandes mudanças na equipe. A Susie (Wolff) foi promovida a CEO e o Jérôme D’Ambrosio, ex-piloto da F-E, subiu para o cargo equivalente a chefe de equipe. Além disso, também houve troca de comando na direção da engenharia. São mudanças que não aconteceram de uma hora para a outra, foram planejadas com antecipação. Então, há muita coisa nova acontecendo na Venturi, por que eles querem o título de pilotos em 2022. E isso tem sido bom para todos.
_Seu novo parceiro é Edoardo Mortara, o atual vice-campeão mundial pela Venturi, que já está na equipe já há quatro anos. Como será o ano com ele?_
Di Grassi – Certamente vai ser competitivo. Ninguém ganha o apelido de “Mister Macau” à toa. Macau é a pista mais difícil do mundo na visão de muita gente, e isso diz muito sobre o Edo. Então, eu tenho um companheiro bem forte, o que é exatamente o mundo ideal, por que isso me força a trabalhar e focar cada vez mais na competição. Nós fomos companheiros de Audi por alguns anos, cada um na sua categoria, já nos conhecemos e sei que vamos formar uma dupla muito forte. Acho que vamos nos ajudar muito ao longo do ano.
_Como as novas regras irão afetar a competição em 2022?_
Di Grassi – As duas principais mudanças são no classificatório e potência disponível nas corridas. As equipes, todas elas, fizeram muitas simulações em computador e as conclusões de cada uma nós só vamos saber depois que virmos a estratégia de cada piloto na Arábia Saudita.
_O que muda e qual sua análise do novo formato do classificatório?_
Di Grassi – O início da sessão terá os pilotos divididos em dois grupos, mas a parte final verá os quatro melhores de cada grupo disputando duelos, um contra um. Eu acho que vai ser mais justo, pois o formato anterior penalizava demais quem estava na frente na pontuação, que acabava tendo que fazer suas voltas com a pista menos emborrachada. Testamos esse formato em Valência, e parece que vai funcionar. No entanto, só com a temporada em andamento nós veremos se serão necessários ajustes.
_Qual é o impacto que o aumento de potência do motor terá no campeonato?_
Di Grassi – Teremos cerca de 10% a mais de potência nas corridas. Iremos de 200 para 220kW. Pode parecer pouco, mas em um nível de corrida isso muda muita coisa. Essa alteração terá um impacto no consumo dos pneus, especialmente os traseiros; na temperatura da bateria, que é algo que pode ser crítico, e também no consumo de energia – nós já vimos muita gente ficar sem energia ao longo destes anos de Fórmula E. Nós estudamos os possíveis cenários e testamos nossas soluções na prática durante os testes coletivos de Valência. Coletamos muitos novos dados e tivemos várias confirmações de que estamos no caminho certo. Estamos confiantes sob o aspecto técnico este ano.
_2022 terá 16 etapas, com três novas pistas: Jacarta (Indonésia), Vancouver (Canadá) e Seul (Coréia do Sul). Qual é a sua leitura desse calendário?_
Di Grassi – Neste momento, a primeira coisa que a gente lembra é a pandemia. Então, teremos mais um ano desafiador, provavelmente. A entrada de novas pistas é importante, pois é um elemento razoavelmente desconhecido que afeta a todos e ajuda a tornar a competição mais desafiadora e interessante. De outro lado, vamos competir novamente em Roma, Berlim, Nova Iorque e Londres, além de Mônaco – centros importantes para qualquer campeonato.
_Este ano será o último da geração 2 do carro da F-E. Em 2023, teremos um carro completamente novo. O que isso muda na sua rotina?_
Di Grassi – Todas as equipes terão a missão dupla de, ao mesmo tempo em que competem com o atual carro, desenvolver o que for possível para ser usado no ano que vem. Na Venturi nós teremos duas operações em paralelo, uma liderada pelo Jérôme (D’Ambrosio), com o carro usado em 2022, e outra dirigida pela Susie (Wolff), com foco no Fórmula E do ano que vem. Os pilotos têm que dar atenção aos dois projetos. Sinceramente, para mim isso é diversão pura, por que todo mundo sabe que gosto de tecnologia e desenvolvimento. Então, estou bem feliz com isso.
_Qual é a sua previsão para a rodada dupla da Arábia Saudita?_
Di Grassi – Por ter uma etapa no sábado e outra no domingo, é um fim de semana bastante importante e, se conseguirmos nos sair bem, nos dará a tranquilidade de que acertamos o caminho inicial. Para mim em especial, por ser uma novidade na equipe, é um momento importante. Vai ser a primeira vez trabalhando pra valer com os engenheiros e mecânicos da Venturi. A gente ainda não tem essa experiência como grupo e começar bem pode nos dar uma dose extra de confiança mútua. Eu os respeito muito e sei que eles me respeitam também. Sentimos isso no trabalho diário na oficina e também lá na pista de Valência, nos testes oficiais. Na soma de tudo e ponderando cada detalhe, sei que estamos prontos. Eu acredito que será um bom ano.
_Você tem uma meta para 2022?_
Di Grassi – Minha meta é subir ao pódio sempre que puder, levando a bandeira do Brasil – brigar ou não pelo título é consequência do que fizermos em cada corrida individualmente. Na Fórmula E é uma ingenuidade você fazer previsões sobre o título. Eu sei que temos potencial de brigar por pódios e até vitórias. Então vou apostar nisso. E é uma sensação incrível quando posso estar lá com a nossa bandeira. Difícil até explicar. É a sensação de uma grande realização pessoal. Acho que todo mundo que já lutou muito por um objetivo na vida, seja no esporte, seja no trabalho, entende como é.
Fonte: BestPR Comunicação
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